quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A morte da morte

Não entendo toda a minha estupidez:
Me foi dada uma fonte de alegria eterna
e eu preferi me afundar na insensatez
de minhas antigas cisternas.

Pra nascer de novo
era preciso matar esse triste poeta.
Eu tive medo de ser do santo povo
por que com eles a alegria era certa.

Não, eu não sei ser feliz
e me frustra saber
que Deus me criou para a felicidade.

Hoje, o poeta morreu em mim
pra que eu possa buscar a alegria no viver.
Eu não sou mais deste mundo de infelicidade.

Murilo Ternes
15/12/2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um dia sem chuva

A alvorada ensolarada me acordou.
Céu azul, pássaros cantando, crianças no asfalto.
Um sorriso rasga minha face endurecida.

Choveu tanto nas ultimas semanas...
Eu até tinha esquecido que o céu é azul.
Essa cidadezinha cinza é bonita
quando as nuvens brancas enfeitam o céu.

A brisa leva a dor embora
e esse Sol no meu jardim
me impede de conter o riso.

As chuvas estavam nos afogando
em dias sem luz e sem esperança.
Até pensei que os pássaros
tinham sido levados pelas águas.

O Sol nos visitou e esquentou toda a cidade.
Mas aqui dentro tudo continuou frio.
Só Deus pode aquecer o meu coração.

Murilo Ternes

sábado, 27 de novembro de 2010

Sobre nada

Gosto de discorrer
sobre o silêncio das palavras.
Gosto de escrever
e não falar nada.

Gosto de estar contigo
e apreciar o silêncio na oração.
Gosto de ser seu amigo
e te amar com cada batida do meu coração.

Gosto de te amar
quando só existe silêncio nas palavras.
Gosto de contigo estar
sem precisar falar nada.

Murilo Ternes

domingo, 14 de novembro de 2010

Um coração dentro de mim

Dentro do meu coração
brota um amor
que não vem de mim.

É no coração
que brotam os maus desejos.
É no coração
que brotam os bons desejos.

Corações de pedra
não podem pulsar
pois desconhecem o amor.

É do coração
que procedem as fontes da vida,
mas corações de pedra
produzem apenas morte.

Deus me deu
um coração que pulsa
movido pelo seu amor.

Murilo Ternes

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Estranho amor

Deus é a maior estranheza
que vive em mim.
E eu sou a maior estranheza
que vive em Deus.

O problema, com certeza,
sou eu.
Mas se Deus quiser
as coisas vão se ajustar entre nós.

Murilo Ternes

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Café da tarde

.

Primavera, fim de tarde.
O café me acalma temporariamente
e me traz bons pensamentos.
A dor parece não passar
mas me sinto bem.

Quantas vezes já escrevi
coisas tão tristes
em fins de tarde cheios de frio
aqui dentro.

O calendário dizia que estávamos na primavera
mas o inverno ainda não tinha passado.
O frio era intenso e choviam lágrimas
dentro dessas quatro paredes.
Mas o sol apareceu
em um sorriso amigo.
Vi o sol voltar
em alguém que me fez sorrir.
Abri a janela e vi a primavera florescer.

O pôr do sol vai levando
as cores pra outro lugar.
A escuridão não me desespera.
Não temo a noite que virá
trazendo todos os medos.
Meu único medo sou eu
e esse sorriso na face.

O dia vai embora
enquanto reflito
nessas mudanças grandes demais.
Deus fez mais
do que acreditei ser possível.
Deus é mais
do que acreditei.

As flores dançam no frescor da tarde
e as nuvens brincam na imensidão do céu.
A minha primeira primavera
começou hoje.

O azul desse dia
encheu de cores os meus versos.
O café é bom, a primavera é boa.
A solidão se foi
e a estação colorida finalmente começou.
O sol ainda brilha
e esse sorriso na face
ainda me incomoda.

Murilo Ternes

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um novo horizonte

Existe algo além do horizonte.
A vida não pode ser vista na tela de um computador.
Um monitor nunca terá todas as cores da vida
e o computador nunca processará um sentimento.

Murilo Ternes

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vida Real

Prefiro a vida real.
Ilusões televisivas
e virtualidades não me encantam.
Prefiro a dor real.

Será que é real
a vida, a morte,
o bem e o mal?

Prefiro o amor real.
Prefiro o Amor real.
Prefiro a vida real.
Prefiro a Vida real.

Será que a vida é real
com seus ais e alegrias,
começo e final?

Ah! vida real.
As dúvidas dessa vida
um dia me matarão.

Murilo Ternes

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ponto final

Pensar na morte me faz pensar na vida
e essa chuva na minha janela só me lembra do sol.

Murilo Ternes

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Nuvens no meu quarto

Choveu a noite inteira
no meu telhado.
Chorou a noite inteira
o meu coração perturbado.

Pela manhã o sol brilhou
nas poças da rua.
O meu coração continuou fechado
e a luz não entrou.
A casa continuou escura
e não houve um sol
que brilhou nas poças do meu quarto.

Algumas nuvens escuras
continuaram no céu.
Algumas dores antigas
continuaram na alma.

O sol continua a brilhar
mesmo quando as nuvens escuras
nos impedem de vê-lo.

Algumas nuvens escuras
continuam no céu.

E Deus continua no mesmo lugar
mesmo quando as lágrimas
embaçam a nossa visão.

Algumas dores antigas
continuam na alma.

Murilo Ternes

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Manhã fria

Acordei cedo demais
nesta manhã cinzenta.
A cidade exala um frio
que congela minhas veias.

O café matinal
não esquenta o meu corpo.

Tempo frio,
cidade fria,
eu frio.

Somente o amor de Deus
aquecerá o meu coração.

Antes que o sol me condene
vou à esquina
matar a sangue frio
a rotina.

Murilo Ternes

domingo, 5 de setembro de 2010

Visita noturna

Vai alta a noite.
O frio visita as casas
que estão cheias de solidão.

As dúvidas se diluíram
e o frio não entrou mais
no meu coração.

Esse céu estrelado declara
que é verdade o que vive em mim.

As lágrimas ficaram
em outras madrugadas.
Deus me visitou
e deixou um sorriso aqui.

Murilo Ternes

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Maré de Inverno

Me perdi na dor.
Me afundei em lágrimas.
Mergulhei, sem saber nadar,
em um mar de tribulações.

Caí e fiquei,
entre choros e gritos de angústia,
no chão frio.

O inverno me esfriou aos poucos.
Me matou aos poucos.
Este inferno me ensinou
que sem Deus não se pode viver.

Murilo Ternes

terça-feira, 13 de julho de 2010

Tempestade de lágrimas

Os trovões anunciaram a tempestade
que de águas meus olhos inundou.
O sorriso permaneceu na face
e a paz no espírito continuou.

Cheguei a desejar
o brilho do sol por alguns dias mais.
Eu iria me acomodar
sem lágrimas e dores casuais.

As gotas pesadas maltratam a terra.
Na convulsionada avenida os automóveis passam.
Me entristece toda a frieza dessa guerra.

Essa tempestade me mudou.
A dor me deixou perdido no espaço
mas agora no céu estou.

Murilo Ternes

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Rotina

.

Ainda estou aqui,
rodeado dos mesmos espinhos
que me fazem sangrar
dia-após-dia no dia-a-dia.

Os problemas se enfileiram na porta.
Entrego senhas
e atendo um de cada vez.

Murilo Ternes

terça-feira, 11 de maio de 2010

Dia das Mães

.

A manhã irradiou, seus olhos se abriram.
Ele sabia que o dia podia ser diferente.
Encontrou-a na sala, apressada pra sair.
Deu-lhe um tímido abraço.
O primeiro abraço.
Ele quis, mas não disse que a amava.
Ela saiu, ele ficou.

A noite caiu, em suas mãos uma rosa se abria.
Nessa noite tudo podia mudar, ele sabia.
Abriu a porta, ela já dormia.
Ao seu lado deixou a flor,
seu primeiro presente.
Ele não precisou dizer que a amava.
Ela dormia, ele orou.

Murilo Ternes

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Palavras de amor

.

O meu Deus é um fogo consumidor.
O amor é um fogo consumidor.
Deus é Amor.

A paixão é um fogo
que consome e mata.
Paixão não é amor.

A dor irrompe a minha oração.
Lembro-me do que perdi pra aprender
essa sutil e grande diferença
que o meu coração não quis entender.

A conversa é quebrada
as palavras se perdem no silêncio.
A dor me sufoca.

Minhas frases se rasgam na garganta.
Os verbos se perdem na confusão.
Silenciam-se as palavras.

Uma parte minha está no chão.
Eu que antes pisava em nuvens de ilusão.
Agora piso nos cacos de vidro
do meu frágil coração.

É preciso aprender sobre o amor.
É preciso aprender mais com a dor.
Preciso conhecer mais a Palavra do Amor
e ignorar a voz enganosa do coração.

O meu Deus é um fogo consumidor.
Ele arrancou o que havia de errado em mim.
A dor me levou aos Seus braços de amor.

Paixão, gostar, admirar.
Este amar não é amor.
O Amor é um fogo consumidor.

Murilo Ternes